Mas qual a razão disso?
"O ideal é garantir a proteção mais completa possível", disse à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, o bioquímico José Manuel Bautista, professor da Universidade Complutense de Madri, na Espanha.
"As vacinas têm se mostrado muito eficazes, algumas com taxas de proteção superiores a 90%, que é um indicador muito confiável. E nós sabemos que as manifestações da doença são heterogêneas", acrescenta o acadêmico.
Em outras palavras, isso significa que, em duas pessoas saudáveis s estragos e deixar níveis de proteção distintos.
Isso sem falar nas diferenças entre indivíduos saudáveis e aqueles mais vulneráveis, como idosos ou portadores de enfermidades crônicas.
É por isso que tirar conclusões universais agora é prematuro, e os especialistas recomendam acompanhar e entender melhor o assunto por mais tempo antes de mudar as recomendações.
Portanto, Bautista acredita que mesmo aqueles já infectados no passado precisam ser vacinados, para que "a resposta imune seja estabilizada e protetora".
Como costuma acontecer no campo das ciências médicas, não existem respostas absolutas para essa questão.
Amós García Rojas, presidente da Associação Espanhola de Vacinação, garante à BBC News Mundo que tanto vacinados quanto infectados estariam protegidos.
O problema é que, nos dois casos, ainda não sabemos quanto tempo essa proteção dura: pode ser que tenhamos uma imunidade longa contra a covid-19 (como acontece com outras doenças infecciosas, como sarampo e catapora, por exemplo), ou essa proteção permaneça por poucos meses ou anos (num cenário parecido ao que ocorre com o vírus causador da gripe).
Com pouco mais de um ano após o início da pandemia, ainda não houve tempo suficiente para observar e ter certeza sobre a validade da resposta imune.
O infectologista Andrew Badley, da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, está confiante de que a proteção da vacina "durará anos".
Tang, por outro lado, pontua que "normalmente, uma infecção produz uma resposta imunológica mais extensa e duradoura do que uma única dose de uma vacina. Por isso, é necessário complementar a inoculação com uma segunda dose para todos".
É claro que a infecção pelo coronavírus apresenta uma série de riscos que a vacinação evita, como a hospitalização ou desenvolvimento de sequelas longas e gravíssimas.
Outro ponto a ser considerado é o quão eficaz será a proteção se surgirem novas variantes do patógeno que reduzam a eficácia dos imunizantes, como parece acontecer em algum grau com as cepas detectadas inicialmente no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil.
Bautista acredita que, por mais que uma variante apresente mutações preocupantes, pelo menos elas não devem afetar demais a proteção contra as formas graves da doença nos próximos meses, embora mais estudos sejam necessários para esclarecer isso.
Já García Rojas acredita que o único cenário que deve ser considerado agora é vacinar o máximo de pessoas possível.
"E todos devemos estar cientes de que no futuro pode ser necessário aplicar doses de reforço à medida que os fabricantes modifiquem suas vacinas contra as novas variantes".
De acordo com as informações do site Our World In Data, até o momento pouco mais de 300 milhões de pessoas foram vacinadas no mundo. Os países que lideram o ranking são Israel e Emirados Árabes Unidos, que já protegeram 99% e 63% de seus habitantes, respectivamente.
Por ora, o Brasil administrou 10,5 milhões de doses e imunizou 4,9% de toda a sua população.