QUESTÃO 7 “Era uma vez um santo que enfrentou um dragão com seu cavalo branco”: isto parece uma fábula infantil. Dragões não existem, nem unicórnios e nem duendes. Um santo que é apresentado matando um dragão (...) é, por definição, um santo fantasioso. (...). Papa Paulo VI, o melancólico arcebispo de Milão encarregado de encerrar e implementar as decisões do Concílio do Vaticano II na década de 1960, resolveu racionalizar um pouco este universo. Para a dor de muitos fiéis, o papa disse que o culto a estes santos de pouca base histórica comprovável não seria mais obrigatório na Igreja Universal e que o 23 de abril, dia de São Jorge, poderia ou não ser comemorado. Surgiu daí a lenda de que o papa o teria “descanonizado”. Não foi o que ocorreu. O santo guerreiro apenas sofreu um downgrade teológico para o mundo oficial do clero. Os ventos do Concílio imaginaram que a modernização significava retirar um pouco do caráter mágico das práticas católicas e garantir narrativas mais plausíveis com o mundo contemporâneo. O papa pode mandar na Igreja, mas não nos corações dos fiéis. O culto a Jorge não retrocedeu em nada. Na exata contramão de Roma, a cidade do Rio de Janeiro declarou feriado o dia de São Jorge. Isto nascia da grande devoção santo entre cariocas e fluminenses, e também da associação entre o católico São Jorge e o orixá Ogum do Candomblé. (...) Jorge decaía na Cidade Eterna e crescia na Cidade Maravilhosa”. FERNANDES, Luiz Estevam, KARNAL, Leandro. Santos Fortes. Rio de Janeiro, Editora Rocco, 2017, p. 29-30. O excerto acima aborda, em especial, as relações dos cristãos católicos com o universo dos Santos. Com base nas informações contidas no excerto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas: I. A relação dos fiéis católicos cariocas com o “São Jorge” expressa que a ortodoxia de uma tradição religiosa, por vezes, sofre adaptações. Essas decorrem das ressignificações feitas por seus adeptos. O caso expresso é sintomático do quanto é complexo entender um sistema de crenças religios